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ITABUNA-BA

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

MORRE LELÉU, FIGURA IRREVERENTE DO BECO DO FUXICO


MORRE LELÉU, FIGURA IRREVERENTE DO BECO DO FUXICO

Leléu deixa muitas saudades em Itabuna

Por Walmir Rosário*

Assim era Leléu: irreverente, contagiante, apaixonado pelo futebol e pelo Flamengo, das
bebidas, do Carnaval. Esse comportamento não chamaria a atenção, não fosse pelo seu
modo extravagante de viver a mil por hora. Menos quando estava sóbrio, ocasião em que
se dedicava ao afazeres domésticos e o trabalho, com muita responsabilidade para quem
cuidava das contas a pagar de outras pessoas.
De longe era fácil conhecer o seu estado físico e emocional. Se abstêmio, calmo,
cumprimentando todos que passavam com muita distinção, conversando em voz baixa e
pasta na mão para cumprir sua tarefa profissional. Foi por muito tempo o homem de
confiança do ilustre advogado Victor Midlej, responsável pelo recebimento das contas e os
pagamentos em banco, mesmo em tempos de internet.
Se chumbado, envernizado, o seu cumprimento era excêntrico, mirabolante. Assim que
avistava um conhecido, um amigo, de longe gritava: “Olha aí que ruma de pesos mortos”.
Destilava mais alguns impropérios do seu refinado vocabulário e contava a todos os
motivos da euforia, que iria desde a vitória do Flamengo, até o mais simples motivo para
uma comemoração em alto estilo.
Para tanto não importava a data, bastava não ter compromissos profissionais. E o seu
local de chegada era sempre o Beco do Fuxico, nas três dimensões: Baixo, médio e alto,
visitando todos os bares, barbearias, alfaiatarias e lojas. Antes de entrar, em alto som se
anunciava: “Pesos mortos”. Alguns o convidavam para tomar mais uma cachaça e ele
prontamente aceitava e também se servia da cerveja, sem a menor cerimônia.
Nos carnavais todos se admiravam da sua resistência e muitos não sabiam se ele
embebedava uma só vez e continuava, ou se a cada soneca recuperava o ânimo e
começava tudo de novo. Devidamente fantasiado – muitas das vezes de roupas femininas
– nem mesmo importava se toleravam seus beijos e abraços. O bom mesmo era
comemorar, e no Beco do Fuxico.
Fora dos seus dias de festa, como já disse, vivia uma vida normal. Os que pouco ou não o
conheciam ficavam em dúvida quais papeis ele representava, se o de Leléu ou de

Claudionor Menezes de Andrade. Eram personagens completamente distintos e um não
interferia no outro, o que o tornava uma figura folclórica, quando revestido Leléu, e um
cidadão, trabalhador comum nos momentos de Claudionor.
Querido por todos, seu aniversário era comemorado no Alto Beco do Fuxico a cada fim de
semana mais próximo dos dias 6 a 9 de outubro. No dia 6 o aniversariante era o
proprietário do bar Artigos para Beber, José Eduardo Gomes; e no dia 9 o advogado Pedro
Carlos Nunes de Almeida (Pepê) e o próprio Leléu. Mais tarde se juntaram o produtor de
eventos Alex Alves (6) e o agrônomo Paulo Fernando Nunes da Cruz (Polenga), dia 19.
Ao fundar a desabusada Academia de Letras, Artes, Música, Birita, Inutilidades, Quimeras,
Utopias, Etc., (Alambique), o jornalista Daniel Thame, nomeou Leléu para o cargo de
Diretor para Assuntos Meiotísticos, com posse formal no Alto Beco do Fuxico. Certa data,

ao sair de casa para participar de uma pretensa reunião da Academia – no Alto Beco do
Fuxico – tentou atravessar o canal do Lava-pés em plena enchente e foi arrastado de uma
ponte a outra, saindo das águas com a maior naturalidade do mundo.
Mas hoje Itabuna e o Beco do Fuxico estão de luto com a morte precoce de Claudionor
Menezes de Andrade, que será sempre lembrado pelos amigos ou simples conhecidos, os
que o viram crescer, jogar futebol amador, participar da vida ativa de Itabuna. Também
não o esquecerão os que o viam chegar ao beco com suas estrambóticas fantasias,
devidamente alegre e biritado, irradiando alegria, sempre gritando. “vai…pesos mortos!

*Radialista, jornalista e advogado

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