por Daniel Carvalho | Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou na noite desta
quinta-feira (17) a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de
permitir que o Estado imponha restrições a quem não tomar vacina contra
Covid-19.
Em sua live desta noite, ele também afirmou que não haverá imunizante para toda a população.
"O Supremo, com todo respeito, tomou uma medida antecipada. Nem vacina tem. Não vai ter para todo mundo", disse Bolsonaro.
"O Supremo não mandou impor medidas restritivas, o Supremo falou que o
presidente da República, os governadores e os prefeitos podem impor. Da
minha parte, zero. Agora, todos os governadores vão impor medidas
restritivas? Eu não acredito. Eu não quero botar a mão no fogo por
ninguém. Eu acho difícil, não acredito", afirmou o chefe do Executivo.
Ele disse que a medida do STF pode ter sido "inócua" porque "o ano que
vem, dificilmente, vamos supor que [a vacinação] comece no final de
janeiro, não temos como conseguir a vacina pra todo mundo até o final do
ano. Então não vai ter medida restritiva nenhuma".
O presidente gastou boa parte de sua live semanal para justificar o voto
do ministro Kassio Nunes Marques, seu indicado para o STF.
O magistrado afirmou que a vacinação obrigatória é constitucional, mas
divergiu dos colegas ao dizer que ela depende de "prévia oitiva" do
Ministério da Saúde e que só pode ser usada como "última medida".
Todos outros integrantes da corte concederam autonomia a governadores e
prefeitos para impor a obrigatoriedade e mantiveram a linha adotada pelo
STF desde o começo da pandemia de Covid-19 no sentido de esvaziar os
poderes do governo federal.
Apoiadores de Bolsonaro, no entanto, criticaram Bolsonaro por causa do
voto de Nunes Marques. Demonstrando irritação, o presidente referiu-se a
seus críticos como "direita burra, direita idiota, fedelho, papagaio de
internet e analfabeto funcional". Ele não explicitou a quem se referia
especificamente e afirmou que teria votado como o ministro que indicou.
"Impressionante, os caras descem a lenha em mim", reclamou Bolsonaro.
"Lógico que a esquerda bate palma para essa direita burra, direita
idiota. Bateram palmas para vocês. Vocês não sabem, não interpretam, não
conseguem saber o que foi votado e descem o cacete", prosseguiu. "Não
fica agindo como papagaio, repetindo o que um idiota escreve."
Bolsonaro também defendeu Kassio Nunes Marques por ele integrar a
maioria do STF que decidiu na terça (15) que o Brasil não admite a
existência de duas uniões estáveis ao mesmo tempo, o que impede o
reconhecimento de direitos de amantes em discussões judiciais.
Ao falar sobre o tema, Bolsonaro afinou a voz para se referir a um hipotético homossexual.
"Está lá no velório, todo mundo chorando, triste, [...] e apareçam três,
quatro mulheres e falem 'oh, eu transava com este cara que está morto
aí e vou ter direito à partilha dos bens e pensão'. E aparece um homem
também. 'Eu também transava com ele'", afirmou, afinando a voz nesta
última vez.
"Se você reconhecer este direito, você abriu as portas para a poligamia.
Fodeu a família. Deu para entender que fodeu a família, você, fedelho,
que está me criticando", disse Bolsonaro.
O presidente afirmou ainda não ter ascendência sobre Nunes Marques e que o indicou "por aquilo que tinha de afinidade com ele".
Ao voltar a falar sobre a vacina, ele disse que não obrigaria ninguém a
tomar vacina por ser "responsável" e que tratar a questão dos
imunizantes com açodamento é "uma irresponsabilidade".
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