sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Bolsonaro critica decisão do STF e diz que 'não vai ter vacina para todo mundo'

por Daniel Carvalho | Folhapress

Bolsonaro critica decisão do STF e diz que 'não vai ter vacina para todo mundo'
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou na noite desta quinta-feira (17) a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de permitir que o Estado imponha restrições a quem não tomar vacina contra Covid-19.

Em sua live desta noite, ele também afirmou que não haverá imunizante para toda a população.

"O Supremo, com todo respeito, tomou uma medida antecipada. Nem vacina tem. Não vai ter para todo mundo", disse Bolsonaro.

"O Supremo não mandou impor medidas restritivas, o Supremo falou que o presidente da República, os governadores e os prefeitos podem impor. Da minha parte, zero. Agora, todos os governadores vão impor medidas restritivas? Eu não acredito. Eu não quero botar a mão no fogo por ninguém. Eu acho difícil, não acredito", afirmou o chefe do Executivo.

Ele disse que a medida do STF pode ter sido "inócua" porque "o ano que vem, dificilmente, vamos supor que [a vacinação] comece no final de janeiro, não temos como conseguir a vacina pra todo mundo até o final do ano. Então não vai ter medida restritiva nenhuma".

O presidente gastou boa parte de sua live semanal para justificar o voto do ministro Kassio Nunes Marques, seu indicado para o STF.

O magistrado afirmou que a vacinação obrigatória é constitucional, mas divergiu dos colegas ao dizer que ela depende de "prévia oitiva" do Ministério da Saúde e que só pode ser usada como "última medida".

Todos outros integrantes da corte concederam autonomia a governadores e prefeitos para impor a obrigatoriedade e mantiveram a linha adotada pelo STF desde o começo da pandemia de Covid-19 no sentido de esvaziar os poderes do governo federal.

Apoiadores de Bolsonaro, no entanto, criticaram Bolsonaro por causa do voto de Nunes Marques. Demonstrando irritação, o presidente referiu-se a seus críticos como "direita burra, direita idiota, fedelho, papagaio de internet e analfabeto funcional". Ele não explicitou a quem se referia especificamente e afirmou que teria votado como o ministro que indicou.

"Impressionante, os caras descem a lenha em mim", reclamou Bolsonaro. "Lógico que a esquerda bate palma para essa direita burra, direita idiota. Bateram palmas para vocês. Vocês não sabem, não interpretam, não conseguem saber o que foi votado e descem o cacete", prosseguiu. "Não fica agindo como papagaio, repetindo o que um idiota escreve."

Bolsonaro também defendeu Kassio Nunes Marques por ele integrar a maioria do STF que decidiu na terça (15) que o Brasil não admite a existência de duas uniões estáveis ao mesmo tempo, o que impede o reconhecimento de direitos de amantes em discussões judiciais.

Ao falar sobre o tema, Bolsonaro afinou a voz para se referir a um hipotético homossexual.

"Está lá no velório, todo mundo chorando, triste, [...] e apareçam três, quatro mulheres e falem 'oh, eu transava com este cara que está morto aí e vou ter direito à partilha dos bens e pensão'. E aparece um homem também. 'Eu também transava com ele'", afirmou, afinando a voz nesta última vez.

"Se você reconhecer este direito, você abriu as portas para a poligamia. Fodeu a família. Deu para entender que fodeu a família, você, fedelho, que está me criticando", disse Bolsonaro.

O presidente afirmou ainda não ter ascendência sobre Nunes Marques e que o indicou "por aquilo que tinha de afinidade com ele".

Ao voltar a falar sobre a vacina, ele disse que não obrigaria ninguém a tomar vacina por ser "responsável" e que tratar a questão dos imunizantes com açodamento é "uma irresponsabilidade".

 

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