Presos reclamam da estrutura, alimentação e
higiene da unidade (Foto: Reprodução RPC TV)
As negociações para o fim da rebelião na Penitenciária Estadual de
Cascavel (PEC), no oeste do Paraná, foram retomadas às 7h55 desta
segunda-feira (25). A informação foi confirmada pela Secretaria da
Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju).
Os detentos estão rebelados desde as 6h30 de domingo (24) e exigem relaxamento nas visitas, mais diálogo com a direção da unidade e refeições melhores.
A conversa com os presos tinha sido suspensa desde as 20h de domingo.
Dois agentes penitenciários são feitos reféns e, de acordo com o capitão
Cícero Tenório, da Polícia Militar, "os dois tiveram a integridade
física preservada e estão bem". Quatro detentos morreram − dois deles
foram decapitados e dois foram atirados de cima do telhado na PEC. Até
as 8h30 desta segunda, os corpos não tinham sido retirados do interior
da unidade.
Outros dois presos ficaram feridos e tiveram de ser levados para o
Hospital Universitário (HU). Um foi atendido e ao ser liberado foi
transferido para a Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC). Outro,
que teve uma das pernas quebradas ao se jogar do telhado, segundo a
Seju, permanecia internado.
A segurança no local vem sendo reforçada por policiais militares de várias cidades do estado.
Carro e ônibus foram incendiados entre a noite de
domingo e madrugada desta segunda
(Foto: Reprodução / RPCTV)
Entre a noite de domingo e a madrugada desta segunda, um carro e um
ônibus do transporte urbano foram incendiados. O carro estava no pátio
da Prefeitura Municipal de Cascavel. Um vigilante disse que indivíduos
passaram pelo local, jogaram gasolina sobre o veíuculo e atearam fogo.
Já o coletivo estava em uma rua do bairro Floresta. A polícia não
soube informar se os atos de vandalismo têm alguma ligação com a
rebelião dos presos.
De acordo com o advogado dos agentes penitenciários, Jairo Ferreira, a
rebelião teve início no momento em que um agente foi entregar o café da
manhã aos detentos. O trinco da grade estava serrado, o que permitiu aos
presos puxarem o agente para dentro e darem início à rebelião. Ainda
segundo o advogado, apenas dez agentes estavam de plantão no presídio
que é ocupado por mais de mil presos.
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A comissão de negociação com os detentos é formada pela secretária de
Justiça do Paraná, Maria Tereza Uillie Gomes, pelo diretor do
Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Cezinando Paredes, pelo
comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Cícero Tenório, e
pelo Juiz da Vara de Execuções penais, Paulo Damas.
Transferências
Durante o domingo, 77 presos foram transferidos para a PIC, que fica
próxima a PEC. O grupo era formado por detentos que estavam sendo
ameaçados pelo rebelados. Outros 68 foram encaminhados para a
Penitenciária de Francisco Beltrão, no sudoeste do estado, e mais seis
devem ser transferidos para a penitenciária de Maringá, na região norte
do Paraná, e para Curitiba.
Prejuízo
Após iniciar o motim, os detentos invadiram o telhado da penitenciária,
queimaram colchões e hastearam bandeira de uma facção criminosa que
atua dentro e fora dos presídios no país. Conforme Ferreira, cerca de
80% da unidade está destruída.
Familiares dos presos chegaram a fechar a BR-277, de acordo com a
Polícia Rodoviária Federal (PRF). As duas pistas da rodovia ficaram
bloqueadas por 40 minutos no km 579, próximo ao trevo de acesso à
penitenciária. Filas de veículos se formaram nos dois sentidos.