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ITABUNA-BA

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

HOJE É O DIA DE BOM JESUS DA LAPA CONHEÇA UM POUCO DA HISTÓRIA



Cântico dos Romeiros

“A Igreja da Lapa foi feita de Pedra e Luz

Vamos todos visitar o Senhor Bom Jesus“

Um dos salões do SantuárioStanislaw Wilczek

A cidade de Bom Jesus da Lapa não é nenhum centro turístico, comercial, ou mesmo industrial.

Sendo a Lapa um lugar não avantajado no sertão baiano e um tanto descuidado, é conhecido, entretanto, no Brasil inteiro.

Donde lhe vem tanta importância?

Vem do Santuário do Senhor Bom Jesus que abriga sua milagrosa imagem agasalhada na gruta, que se tornou famosa graças às romarias ao santuário, anualmente visitado por milhares de romeiros.




A 850 quilômetros de Salvador, margeando o rio São Francisco, bem no sertão baiano; aí é que se localiza o santuário do Bom Jesus da Lapa. Vê-se imponente, um maciço de calcário, de noventa metros de altura, recortado em galerias e grutas. De cor negra, o penhasco carrega em si a vegetação comum da região castigada pela seca. O morro parece um retalho de montanha calcária isolado no meio de uma planície, com a base quase dentro da água e a margem coroada de cactos, bromélias de espinhos e minaretes de formas diversas. Nele se encontram várias grutas: a do Bom Jesus com 50m de comprimento, 15 de largura e 7 de altura. Além disso, para admiração dos romeiros e visitantes, existem outras lindas grutas, porém menores.

O abrigo foi descoberto em 1691 pelo português Francisco Mendonça Mar, que exercia, como seu pai, a profissão de ourives e pintor. Com vinte e poucos anos de idade, em 1679, chegou a Salvador da Bahia, onde instalou sua própria oficina. Em 1688, foi encarregado de pintar o palácio do Governador Geral do Brasil, em Salvador, mas, ao invés de receber o pagamento, Francisco foi levado à cadeia e cruelmente açoitado. Tocado pela divina graça, reconhecendo a vaidade do mundo, ele aprendeu que a única coisa que vale é a salvação. Distribuindo seus bens, fez-se pobre e, acompanhado de uma imagem do Cristo crucificado, enveredou-se pelo sertão adentro. Caminhou entre tribos de índios antropófagos, passou fome, sofreu o calor do sol.

Uma tarde, depois de vários meses de incessante caminhada, avistou um morro, subiu uma áspera ladeira e, por uma abertura na pedra, penetrou numa gruta.

Lá dentro, encontrou uma cavidade ideal para colocar a cruz que levava. Ali, à margem do rio São Francisco, começou uma vida de eremita.

Dedicado à oração e à penitência, o monge logo percebeu que o amor a Deus não pode ser isolado da vida; então começou a trabalhar em favor dos mais necessitados, trazendo para junto de si pobres, doentes, infelizes e aleijados, a fim de servi-los com amor.



Uma das imagens do Santuário


No ano de 1702, a pedido do arcebispo da Bahia, dom Sebastião Monteiro de Vide, foi a Salvador preparar-se para o sacerdócio. Estudou durante três anos e, em 1705, foi ordenado padre.

Tomando o nome de Francisco da Soledade após a ordenação, voltou à Lapa onde viveu até sua morte, em 1722.



A gruta, onde o monge Francisco colocou a cruz, tornou-se o santuário do Bom Jesus da Lapa. É mais do que uma cavidade na pedra: é um santuário construído pela mão da natureza e escolhido por Deus. Diante da imagem do Crucificado, ajoelham-se os romeiros de todas as idades, vindos de diferentes lugares do Brasil.



Devoção dos romeiros em frente ao Santuário


Eles trazem consigo o coração penitente, uma oração fervorosa de palavras simples que brotam espontaneamente. No altar do Bom Jesus, podemos ouvi-los balbuciando preces; outros, em voz alta, fazem seus pedidos e agradecimentos; outros misturam palavras com lágrimas e outros pagam promessas, deixando ex-votos, como fotos, cartas, muletas etc. É a Ele que o romeiro recomenda sua vida e a de seus familiares e amigos, entregando-se a sua proteção. A promessa feita e cumprida é uma forma de agradecer a Deus por todo o bem que ele, “pobre homem”, recebe das mãos divinas. O romeiro caracteriza-se pelo chapéu de palha revestido rusticamente de tecido branco e fitas coloridas. A mais comum é a de cor branca, simbolizando a esperança. Um fato pitoresco na cidade é que quase todos os telefones públicos (orelhão) são em forma de chapéu.
Desde tempos imemoráveis, a festa do Bom Jesus é celebrada no dia 6 de agosto, mas, na verdade, o movimento dos romeiros começa logo após a festa de São João. A maioria dos romeiros chega em cima de carrocerias de caminhão, o chamado “pau-de-arara”, de ônibus, automóvel e até a pé, o que já faz parte do pagamento da promessa pela graça alcançada.

No santuário e na cidade, o movimento intensifica-se a partir de 28 de julho, quando se inicia a novena na esplanada, culminando no dia 6 de agosto com a celebração solene. Pela manhã e à tarde, há procissão pelas principais ruas da cidade, onde se destaca o andor carregando a imagem milagrosa do Bom Jesus da Lapa. No ano de 2000, o santuário foi visitado por mais de 1.200.000 romeiros e, em 2001, a Polícia Militar calcula que, no dia da festa, a cidade recebeu quase 300.000 pessoas. O tempo da romaria não termina com a festa, mas continua até o fim do ano. Mineiros, paulistas, cariocas, capixabas, goianos, baianos e outros, todos eles se encontram aos pés do Bom Jesus.

O fundador do santuário, pe. Francisco da Soledade, era muito devoto de Nossa Senhora. Peregrinando em busca do lugar ideal para fazer penitência, trazia também uma pequena imagem de Nossa Senhora das Dores. Desde o começo, no dia 15 de setembro, celebra-se a belíssima festa com a participação de milhares de peregrinos.



A missão do pe. Francisco continua nesta terra há mais de 300 anos, com sucesso. Cada ano o santuário recebe um número sempre maior de visitantes e a fama do lugar se espalhou não apenas pelo Brasil, mas também no mundo. Os missionários do Santíssimo Redentor (redentoristas) estão atuando na Lapa desde 1956. Nos primeiros 20 anos, trabalhavam os confrades da vice-província do Recife e, a partir de 1973, a vice-província da Bahia assumiu a responsabilidade pelo santuário. O trabalho com os romeiros, durante todo o ano, é uma missão permanente.

Nessa realidade nordestina, chega ao santuário o romeiro pobre, muitas vezes abandonado material e espiritualmente; por isso precisa ser bem recebido e levar consigo a mensagem evangélica e a força espiritual. O trabalho pastoral do santuário tem grande influência na vida religiosa da região. Aqui o romeiro sempre tem a oportunidade de participar de vários eventos coletivos, como, por exemplo, a Romaria da Terra e das Águas, confessar-se, participar das celebrações e também receber estímulo e encontrar o material necessário para a formação e o trabalho pastoral na sua comunidade e na realidade social.

A beleza natural e a forte devoção pelo Bom Jesus fazem desse lugar “a capital baiana da fé”. Para o povo nordestino, trata-se de um lugar verdadeiramente sagrado.

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