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A mudança nos hábitos do consumidor e o avanço da tecnologia
tornaram inócuo um dos principais objetivos do polêmico horário de
verão. De acordo com estudo do Ministério de Minas e Energia, a adoção
da hora adiantada na época mais quente do ano não resulta mais em
economia de energia. A despeito disso, a manutenção do horário de verão,
de acordo com autoridades do setor elétrico, é considerada uma "questão
cultural". "Em termos integralizados (diurno e noturno), o horário de
verão não atendeu ao que se propôs - ou seja, não há relação direta com
redução de consumo e demanda", diz o estudo, obtido pelo
Estadão/Broadcast. A popularização dos aparelhos de ar condicionado é
uma das principais razões dessa mudança. No estudo, técnicos do MME
apontaram que a temperatura é o que mais influencia os hábitos do
consumidor, e não a incidência da luz durante o dia. Como o calor é mais
intenso no fim da manhã e início da tarde, os picos de consumo são
registrados atualmente nesse período. De acordo com dados do Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o horário de ponta ocorre entre 14h e
15h, e não mais entre 17h e 20h. A economia de energia entre 17h e 20h
ainda ocorre atualmente, mas é menor do que o aumento do consumo
verificado durante as madrugadas por causa do uso do ar condicionado
entre meia-noite e 7h. "Antes, o chuveiro era o vilão do setor elétrico.
Hoje, é o ar condicionado", afirmou o presidente da Associação
Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Aneel), Nelson
Leite. O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo
Pedrosa, disse que, para o governo, a aplicação do horário de verão se
aproxima da neutralidade. "Mas, para a sociedade, para o trânsito, para a
vida das pessoas, a impressão é de que o horário de verão traz mais
benefícios", afirmou. O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, destacou que o horário de verão não
serve para reduzir o consumo de energia, mas sim para diminuir a
concentração da carga nos horários de pico - hoje, há diminuição de 4%
nesse período. "Se não adotássemos mais o horário de verão, isso não
seria um problema para o setor elétrico. Mas ele traz ganhos inegáveis
para o setor de turismo e para a população", disse. Para Barata, a
adoção do horário de verão ultrapassa as decisões do setor elétrico.
"Isso é algo além, que entrou na cultura dos países. Na maioria dos
países desenvolvidos, existe horário de verão ou inverno, ou até os
dois. E nenhum deles faz isso por economia de energia", disse. "Quero
crer que isso vale para o nosso País também. O que eu defendo é que essa
decisão, de manter ou acabar com o horário de verão, não seja apenas do
setor elétrico, mas do governo, do País", acrescentou.
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