Foto: Lula Marques / Agência PT
Na decisão que determinou a prisão do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva por nove anos e meio, o juiz Sérgio Moro acusou a
defesa do petista de ter ofendido o Juízo. No evento 142 da decisão da
13ª Vara Federal de Curitiba, o juiz federal Sérgio Moro explana alguma
das situações em que a defesa teria o ofendido. Dentre elas, está o
momento em que os advogados de Lula comparam o juízo com a ditadura. "Ou
se vossa excelência quiser eliminar a defesa, e eu imaginei que isso já
tivesse sido sepultado em 1945 pelos aliados e vejo que ressurge aqui
nesta região agrícola do nosso país, se vossa excelência quiser suprimir
a defesa, então eu acho que não há necessidade nenhuma de nós
continuarmos essa audiência", disse a defesa. Outras frases ditas pela
defesa o ex-presidente também foram citadas na peça, como "[o contexto]
existe na cabeça de vossa excelência", "a interpretação do juízo aberra
da constituição e da lei processual penal", "mas as suas perguntas são
as perguntas de um inquisidor e não as perguntas de um juiz que quer
esclarecer um fato". Moro ainda utilizou da peça para se posicionar
quanto a acusação da defesa de Lula de que ele teria se mantido inerte
quando o depoente José Afonso Pinheiro teria ofendido Lula. "Nesse
contexto de comportamento processual inadequado por parte da Defesa de
Luiz Inácio Lula da Silva, é bastante peculiar a reclamação dela de que
este julgador teria agido com animosidade contra os defensores em
questão", diz na peça. Moro se defende afirmando que conduziu "da melhor
forma possível as audiências" e classificou que a defesa do
ex-presidente era "inadequado" e que atrapalhava o bom andamento do
processo. "Poderia o Juízo ter tomado providências mais enérgicas em
relação a esse comportamento processual inadequado, mas optou, para
evitar questões paralelas desnecessárias, prosseguir com o feito",
ameaçou. Moro ainda se disse imparcial e que apenas cabe a ele decidir a
responsabilidade dos acusados "com base na lei e nas provas, sendo
irrelevante o comportamento processual de seus defensores”. O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá poderá recorrer da decisão
do juiz Sérgio Moro ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região em
liberdade.
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