sexta-feira, 16 de agosto de 2013

VELOU O DEFUNTO ERRADO




Um pai em choque, um jovem usuário de drogas e uma família abalada. Esses foram os ingredientes que provocaram um caso inusitado no velório municipal de Mirassol (467 km de São Paulo).
O corpo do jovem Lucas Guilherme, 18, foi velado por 14 horas como se fosse o de Everton dos Santos, 23, e nenhum dos familiares percebeu a troca.
Detalhe: Everton está vivo e o erro só foi desfeito dez minutos antes do "enterro".
A confusão começou quando Adauto dos Santos foi chamado ao pronto-socorro municipal na noite de quarta-feira (14) para identificar o corpo do filho Everton.
O corpo havia sido encontrado pelo Corpo de Bombeiros no centro da cidade, já sem vida e sem documentos.
De acordo com familiares, Everton é usuário de drogas e estava desaparecido havia mais de um mês, morando nas ruas de Mirassol.
"O rapaz [que estava no caixão] era muito parecido. Só era mais escurinho e ele [Everton], mais claro. Todo mundo confundiu", 
O corpo, segundo o agente funerário, foi reconhecido pelo próprio pai.
"Ele ajudou a retirar o corpo, carregar e descarregar no IML [Instituto Médico Legal]. Pegou na mão e não reconheceu. Antes mesmo de descer para o velório, mostramos para a mãe  e ela também chorou sobre o corpo", disse.
De acordo com a madrasta, o único que desconfiou foi o irmão mais novo, que está preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de São José do Rio Preto (438 km de São Paulo) e teve autorização da Justiça para ir ao velório.
"Ele ficou espantado. Foi o único que estranhou. Achou o rapaz mais escuro. Só que todo mundo estava dizendo que era o Everton", afirmou.
CONFUSÃO DESFEITA
A confusão só foi desfeita no início da tarde de ontem, quando faltavam dez minutos para o enterro.
Um morador de rua, também dependente químico que convivia com Everton, foi até o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Mirassol) e levantou a suspeita.
"Ele disse que o Everton estava vivo e que estava pelas ruas. Fizemos, então, uma busca pela cidade e o localizamos. Foi quando liguei para o velório e falei para adiar o enterro, que estava havendo uma confusão", disse Maria Estela Bernardes, coordenadora do Creas.
Everton foi levado até a mãe, próximo ao velório, para que ela o reconhecesse.
O caso de Everton era acompanhado pelo Creas, que, juntamente com a mãe, que mora em Pitangueiras (364 km de São Paulo), buscava internação para o rapaz em uma instituição para tratamento de dependentes químicos.
"A mãe ficou muito abalada com toda a confusão. Não quer falar com ninguém sobre o assunto, mas já encaminhou o filho para triagem e em duas semanas ele deverá estar internado para tratamento", afirmou a coordenadora.
A madrasta disse ainda que o seu marido está muito nervoso com a história. "Ele está muito contente que o filho está vivo e não quer falar."
Administradora do Cemitério Municipal de Mirassol, Simone Cristina de Sousa afirmou que, em 11 anos trabalhando no local, nunca tinha visto um caso semelhante.
Lucas Guilherme , velado no lugar de Everton, é de Getulina (132 km de Mirassol) e estava a passeio na cidade.
Já foi identificado por familiares e foi enterrado na manhã desta sexta (16), em sua cidade.

fonte- folha de s.paulo

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