Infância atrás das grades
Eles são como todos os bebês: engatinham, mamam no peito, comem papinha, não desgrudam das chupetas, fazem gracinhas e causam emoção ao falar "mamãe". O que os torna diferentes é o ambiente à volta. Em vez de quartos limpos, cheirosos, coloridos de rosa ou azul e decorados com motivos infantis, centenas de brasileirinhos, de até 2 anos, vivem trancafiados em celas fétidas de presídios femininos nos quatro cantos do país, alguns em condições subumanas. No lugar dos gradis dos berços, as crianças que nasceram no cárcere e nunca passaram dos portões das penitenciárias conhecem apenas as grades que os confinam com as mães, condenadas ou esperando julgamento por seus crimes. Aos filhos do cárcere, liberdade é algo distante. Resta-lhes um único direito: o amor materno. Essa realidade tão chocante quanto desconhecida da população brasileira o Estado de Minas começa a mostrar hoje em uma série de reportagens produzidas depois de percorrer presídios de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Pernambuco, Pará e Distrito Federal, onde 244 crianças (número subestimado) "cumprem pena".
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