Bancários devem voltar ao trabalho terça-feira
No segundo dia de negociações, os bancários e as principais instituições financeiras do País conseguiram chegar a um acordo de reajuste salarial de 9% para pôr fim à greve, que já dura 18 dias. Agora, os bancários vão levar a proposta para votar o fim da greve em assembleias na segunda-feira, voltando ao trabalho já na terça.
Ambos os lados cederam, mas conseguiram garantir um reajuste salarial de mais de 1% acima da inflação, diferentemente dos trabalhadores dos Correios, que terminaram a greve, por ordem da Justiça, quase sem aumento real. Será o oitavo ano em que os bancários terão aumento real.
Inicialmente, os bancários pediam ganho real de 5%, índice que os bancos consideraram "impraticável".
Se aprovado, o aumento vale a partir de setembro. O piso para os bancários que exercem função de caixa passa para R$ 1.900, no caso de jornadas de seis horas. Para a função de escriturário, o piso passa para R$ 1.400. O acordo prevê ainda aumento da PPR (Participação dos Lucros e Resultados) adicional de R$ 1.100 para R$ 1.400 e do teto da parcela adicional de R$ 2.400 para R$ 2.800.
"Foi um processo de negociação bastante longo, mas que finalmente levou a um acordo construído na mesa de negociação", disse o diretor de Relações do Trabalho da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), Magnus Apostólico.
De qualquer forma, a greve continua pelo menos até a segunda-feira, atingindo o 21º dia de paralisação. Anteontem, os bancários tiveram a primeira reunião com os bancos desde o início da greve. A paralisação deste ano já é a maior desde 2004, quando a greve durou 30 dias.
Neste ano, a paralisação teve forte adesão nos centros administrativos dos bancos.
A demora na entrega de contas e faturas provocada pelos 28 dias de greve dos Correios tem levado o administrador de empresas José Henrique Melo a receber ligações de cobrança de pagamentos. Para evitar outros aborrecimentos e prejuízos, ele tem buscado soluções alternativas de pagamento, solicitando a segunda via de boletos por fax ou e-mail para pagá-los emcaixas-rápidos.
Mas, em meio a greve dos bancários, ele pergunta o que fazer quando a operação supera o limite de movimentação no banco ou quando a conta não pode ser pago em caixa eletrônico.
“Chega a um ponto que não dá mais para controlar essa situação, principalmente para quem tem algum negócio. A gente recebe ligações de cobrança, explica o que está acontecendo, mas fica sem saber para onde ir”, desabafa o administrador.
O sentimento de impotência diante da greve é compartilhado pela empresária Albeíza Brito. “Tenho tido muito prejuízo, por exemplo, para fazer transferências para contas de outros bancos. E tenho cento e tantos documentos para pagar, o que não dá para ser feito no caixa de autoatendimento”, explica.
Já a manicure Jovânia Santos Nascimento e o representante comercial André da Silva ainda têm tido prejuízos relacionados à greve dos Correios. Ela conta que não recebeu nenhuma das seis faturas dos seus seis cartões (três de crédito e três de lojas de departamento) nem a do seu telefone celular referentes ao mês de setembro.
André da Silva, por sua vez, esperou durante toda a greve dos Correios para enviar uma encomenda de etiquetas por Sedex para uma indústria de confecções em Santa Catarina. Segundo ele, só agora poderá receber as 416 peças que já deveriam estar à venda nas lojas de Salvador.
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