Foto: Divulgação/ Ricardo Stukert
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez,
durante depoimento à Justiça Federal em Brasília (DF), o que sempre o
destacou no cenário brasileiro: política. Lula negou que tenha tido
ciência da tentativa de compra de silêncio do ex-diretor da Petrobras,
Nestor Cerveró (veja aqui), ou que tenha feito negociações envolvendo o amigo José Carlos Bumlai (veja aqui).
Nada fora do roteiro ou das expectativas de quem acompanha a trajetória
política do ex-presidente. Porém o discurso à Justiça esteve permeado
por uma campanha política disfarçada, como na série de publicações
feitas pela equipe dele (veja abaixo). É o discurso de polarização
“eles” contra “nós” ou, nas palavras do próprio Lula, “da elite” contra
“o povo”, amplamente criticado pela sociedade – e altamente reforçado
pela própria esfera pública. O ex-presidente e aliados já propagam aos
quatro cantos que o processo irrompido pela Operação Lava Jato é também
um esforço da direita para afastar a hipótese de Lula retornar ao
Palácio do Planalto em 2018. Para tentar evitar que a teoria da
conspiração se concretize, o petista aproveita os instantes de
publicidade para readaptar o discurso que o levou à presidência por dois
mandatos e a fazer Dilma Rousseff como sucessora, como avalista e
principal fomentador das duas eleições da companheira. Lula aposta num
discurso que convence uma parcela considerável da população e fala com
uma plateia ávida por mensagens positivas vindas daquele que considera
um herói popular. Apesar da fala milimetricamente calculada – e por isso
Lula é uma águia política, já que o faz sem grandes dificuldades -, o
ex-presidente poderia poupar a população de ouvir a desculpa que jamais
pediu recursos para campanhas. Chega a ser ofensivo acreditar que um
agente público que ganhou um mandato eletivo tenha se eximido de fazer
pedidos assim.
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