A Força Nacoinal de Segurança já está na região
de conflitos entre índios e fazendeiros - a maioria pequenos agricultores,
assentados de projetos de reforma agrária e agricultores familiares - na Serra
do Padeiro. O território é um campo altamente explosivo. São centenas - ou
milhares - de autodeclarados índios, armados até os dentes, insuflados por uma
ideia de posse imediata de uma terra prometida (pela Funai). Esse grupo passa a
ter, aos poucos, a resistência por parte dos produtores ameaçados, que sempre
buscaram a via do diálogo institucional, mas que já estaria, segundo informações
não oficiais, se organizando visando a resistência armada. O clima é de guerra,
e os carros oficiais queimados na sexta-feira deixam isso bem explicitado.
Difícil acreditar que, apenas com a presença de um punhado de homens da Força
Nacional de Segurança o problema possa ser resolvido. Um agravante é que os
produtores estão identificando nos liderados do cacique Babau a figura do poder
público constituído - o executivo, especialmente - representado justamente pela
força policial que ora tem a missão de apaziguar a situação. Sem uma ação
concreta, nem que seja um diálogo franco e sincero das autoridades estaduais e
federais com todas as partes envolvidas, dificilmente a paz (hipoteticamente)
conseguida pela força policial nos próximos dias poderá se transformar numa paz
duradoura.É preciso uma ação institucional. O governador Jaques Wagner,
assim como diversos ministérios e até a própria presidenta Dilma, foram
alertados por diversas vezes da gravidade da situação. O deputado Geraldo Simões
fez dois discursos/apelos na Tribuna da Câmara na semana passada, citando os
mandatários baiano e brasileira, a fim de se evitar, justamente, o que ocorreu
na sexta-feira em Buerarema. Que poderia, diga-se, ter sido muito pior, a julgar
pelas ameaças e cerceamento da liberdade profissional contra jornalistas que
apenas pretendiam reportar os fatos. A ideia que se tem com a presença - apenas
- do efetivo policial na área de conflito é que os governos pretendem curar uma
ferida infeccionada com merthiolate - pra lembrar dos tratamentos automedicados
de minha infância - sem atentar para o risco de que o problema localizado possa
se espalhar por toda uma região, atingindo, por exemplo, as zonas urbanas dos
municípios que compõem a área de conflito - Una, São José da Vitória e Ilhéus,
além de Buerarema, o epicentro da coisa. O governo federal precisa ter coragem
para assumir o controle da situação - é um direito do cidadão que paga impostos
ter seus direitos individuais assegurados pelo poder central, que ele financia.
É preciso, garantindo a segurança de todos, barrar o processo de demarcação das
terras, garantindo a segurança dos produtores e dos autodeclarados índios. Não é
demais lembrar que o próprio governo instalou, ali dentro, cinco assentamentos
de reforma agrária.Seria um contrasenso descolonizar uma área que já responde, há
mais de 250 anos, às questões de produção, geração de renda e garantia da
dignidade da pessoa humana residente no campo. Outra solução seria a indenização
de todos os proprietários que serão - já estão sendo - expulsos de suas terras,
para a posterior criação de uma reserva indígena que atenda às demandas do povo
Tupinambá, se elas forem julgadas justas. O que não se pode, nesse momento, é
estimular - ainda que indiretamente, pela omissão - o processo de violência e o
ódio étnico, enquanto pessoas correm sérios riscos de morte numa guerra
inventada por um pequeno grupo, mas que já aterroriza toda uma região e chama a
atenção - finalmente! - das autoridades. Na semana passada foram 63 invasões,
cinco carros incendiados, uma mercearia queimada e uma mulher chamuscada. O que
nos reserva o futuro?
http://www.otrombone.com.br/
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