Epidemia de crack aumenta número de bebês que nascem com HIV
Uma
herança maldita. Bebês com o vírus HIV voltaram a ser realidade nas
maternidades do Rio. A Sociedade Viva Cazuza, que não recebia
recém-nascidos infectados há 6 anos, abrigou 12 nos últimos 18 meses. No
mesmo período, o Abrigo Evangélico da Pedra de Guaratiba acolheu 14.
Muitos são filhos de mães viciadas em drogas como o crack. “É
lamentável. Nos últimos anos, só tínhamos adolescentes, mas ano passado
começamos a receber bebês com anticorpos e outros já com o vírus.
Segundo o Juizado, geralmente são filhos de usuárias de droga. Tivemos
que reabrir nosso berçário”, afirma Christina Moreira, coordenadora de
projetos da Sociedade Viva Cazuza, em Laranjeiras. Coordenadora do
abrigo evangélico, Ana Chelly explica que bebês que já têm o vírus
“terão que tomar medicamento a vida toda”. Como O DIA mostra desde
domingo, o uso do crack por mães e pais fundamenta a maioria dos pedidos
de perda da guarda de crianças feitos pelo Ministério Público Estadual.
Em casos de bebês afastados de suas famílias pela Justiça, a frequência
é de 90%. Muitas usuárias de crack se prostituem para conseguir a pedra
e engravidam. A incidência de grávidas tiradas de cracolândias por
assistentes sociais da prefeitura é alta. “Esse fenômeno (aumento de
bebês com o vírus) é preocupante, mas recente na saúde pública. Por
isso, não temos estatísticas”, explicou a gerente do programa municipal
de DST/Aids, Lílian Lauria. Ela alerta que, “se a mulher soropositiva
toma medicação na gestação, o risco de transmissão é menor que 1%. Mas
se só chega na hora do parto esse índice não é possível”. Segundo ela, o
município oferece teste rápido de diagnóstico no posto de saúde do
Centro e começará a oferecê-lo na Clínica da Família do Jacarezinho por
conta da concentração de moradores de rua: “O objetivo é conseguir fazer
com que essas mulheres façam o pré-natal.”
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